sexta-feira, 4 de agosto de 2017

"Slow Death"..."A Morte Devagar"

Olá!
Vim  deixar mais um texto, hoje  da poeta e escritora brasileira, Martha Medeiros, atribuído muitas vezes a Pablo Neruda.

"A Morte Devagar"

Morre lentamente quem não troca de idéias, não troca de discurso, evita as próprias contradições.

Morre lentamente quem vira escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajeto e as mesmas compras no supermercado. Quem não troca de marca, não arrisca vestir uma cor nova, não dá papo para quem não conhece.

Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru e seu parceiro diário. Muitos não podem comprar um livro ou uma entrada de cinema, mas muitos podem, e ainda assim alienam-se diante de um tubo de imagens que traz informação e entretenimento, mas que não deveria, mesmo com apenas 14 polegadas, ocupar tanto espaço em uma vida.

Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o preto no branco e os pingos nos is a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam brilho nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não acha graça de si mesmo. Morre lentamente quem destrói seu amor-próprio. Pode ser depressão, que é doença séria e requer ajuda profissional. Então fenece a cada dia quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem não trabalha e quem não estuda, e na maioria das vezes isso não é opção e, sim, destino: então um governo omisso pode matar lentamente uma boa parcela da população.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projeto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe.

Morre muita gente lentamente, e esta é a morte mais ingrata e traiçoeira, pois quando ela se aproxima de verdade, aí já estamos muito destreinados para percorrer o pouco tempo restante. Que amanhã, portanto, demore muito para ser o nosso dia. Já que não podemos evitar um final repentino, que ao menos evitemos a morte em suaves prestações, lembrando sempre que estar vivo exige um esforço bem maior do que simplesmente respirar.
[Martha Medeiros]

Boa noite!
Bom dia!
Cida





Hello!
I came to leave another text, today the Brazilian poet and writer, Martha Medeiros, attributed many times to Pablo Neruda.

"Slow Death"

Slowly die who does not exchange ideas, does not exchange speech, avoid their own contradictions.

Slowly die who becomes slave of the habit, repeating the same path and the same purchases in the supermarket every day. Who does not change brand, does not risk wearing a new color, does not give a chat to those who do not know.

Slowly dies who makes television his guru and his daily partner. Many can not afford a book or a movie ticket, but many can, and still alienate themselves before a tube of images that brings information and entertainment, but should not, even with just 14 inches, occupy so much space in one life.

Slowly dies who avoids a passion, who prefers the black on white and the drops are in a swirl of indomitable emotions, just the ones that rescue glitter in the eyes, smiles and sobs, heart to stumbles, feelings.

Slowly die who does not see the table when he is unhappy at work, who does not risk the uncertain by the uncertain behind a dream, who does not allow himself, once in life, to flee from sensible counsels.

Slowly die who does not travel, who does not read, who does not listen to music, who does not find grace in himself. Die slowly who destroys your self-esteem. It can be depression, which is serious illness and requires professional help. So he fades every day who will not let himself be helped.

Slowly die who does not work and who does not study, and most of the time this is not an option and, rather, destiny: then a government that is absent can slowly kill a good part of the population.

He slowly dies, who spends his days complaining about bad luck or unrelenting rain, giving up on a project before starting it, not asking about an issue that he does not know and does not answer when asked what he knows.

Many people die slowly, and this is the most ungrateful and treacherous death, because when it really comes close, we are already very untrained to go through the little time remaining. That tomorrow, therefore, takes a long time to be our day. Since we can not avoid a sudden end, let us at least avoid death in gentle performances, always remembering that being alive requires a greater effort than simply breathing.
[Martha Medeiros]

Good evening!
Good night!
Good Morning!
Cida



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